Considerada uma epidemia, a obesidade é um mal que precisa
ser combatido mundialmente. Além dos problemas de saúde
que o sobre peso causa, o preconceito também é muito presente
no dia a dia de quem sofre dessa doença, dificultando inclusive na
hora de se candidatar à uma vaga de emprego. O aumento dos ponteiros
na balança é uma barreira encontrada pelos pacientes portadores de
obesidade mórbida na hora de conseguir um trabalho. Uma realidade
que o analista de segurança de ambientes de internet
Rodrigo Teixeira da Cruz viu de perto.
Eu percebia que ia para algumas entrevistas,
mas não era escolhido por conta da obesidade,
principalmente quando o trabalho era na rua.
O aumento do peso chegou aos poucos na minha vida.
Há dois anos, descobri que estava com pressão alta,
sentia dores e dificuldades de locomoção. Em 2015,
ganhei de 20 a 25 quilos e cheguei a pesar 160 quilos.
Foi nesse momento que me dei conta que precisava cuidar
A obesidade é o terceiro ônus social mais caro no mundo, atrás
apenas do fumo e da violência provocada pelas guerras e pelo
terrorismo. Estimativas recentes apontam que o custo dessa doença
à economia global supera US$ 2 trilhões a
cada ano, quase 3% do PIB mundial.
Nos Estados Unidos, país com maior taxa da doença no mundo,
mais dificuldade de arrumar emprego.
No Brasil, onde 13,7 milhões de pessoas estão
desempregadas segundo dados do IBGE, ainda
não existe um estudo específico sobre a obesidade.
Porém, uma pesquisa de um grupo de classificados
online de currículos e vagas de emprego, realizada
em 2005 com 31 mil presidentes e diretores de grandes
organizações, mostrou que 65% deles têm restrição na
contratação de pessoas obesas. Uma das explicações
para este comportamento do mercado são os problemas
de saúde que a obesidade acarreta, o que pode gerar
um maior número de faltas, por exemplo. É o que explica
a psicóloga Sharon Feder.
- A saúde é o segundo maior custo de uma empresa, perdendo
apenas para a folha de pagamento. Sendo assim, os empresários
podem perceber o peso como um ponto contra pois o sobrepeso
implica diversos problemas de saúde, principalmente doenças crônicas.
Estas doenças exigem um cuidado contínuo e gastos constantes,
gerando então custos adicionais para empresas que oferecem plano
de saúde. Este tipo de comportamento das empresas pode gerar
sensações de rejeição, agravando ainda mais os sentimentos de baixa
auto estima. O obeso pode além disso ainda se sentir culpado e ter sentimentos
negativos. Percepções negativas de autoimagem podem gerar possíveis transtornos
de ansiedade e depressão. Estas são situações super delicadas e precisam
ser lidadas com cuidado. As empresas precisam levar em consideração
as pessoas no processo seletivo com uma perspectiva profissional e holística.
O filtro "peso" não deveria existir. Além disso, as empresas deveriam promover
ações de qualidade de vida para terem opções internas para auxiliarem as pessoas
a serem saudáveis e assim não gastariam tanto com planos de saúde. A prevenção
A pedagoga e gestora empresarial Andrea Deis já passou
por situações parecidas e revela que, muitas vezes, a postura que o
candidato acima do peso apresenta durante a entrevista também
influencia na sua não contratação.
- Se você não tem cuidado com você, com sua saúde, como terá
com a empresa? Eu já ouvi isto tentando defender um candidato obeso.
E ainda, que ele será mais lento e terá mais dificuldade de locomoção.
Por outro lado, mesmo que o obeso esteja bem de saúde nem sempre
ele se enxerga e gosta do que vê, tem sua auto estima e confiança baixa,
já entra na entrevista acreditando que não irá conseguir. Presenciei isto várias vezes.
E, quando consegui fazê-lo vencer este obstáculo, por ele mesmo buscou ter
mais saúde, ganhou autoconfiança e até vontade de ter uma vida mais saudável
e equilibrada em todos os sentidos. O empresário compra habilidades e vitalidade
e vai preferir por alguém em plena forma cognitiva e física para fazer valer seu
investimento - afirmou.
Aos 37 anos, Rodrigo passou três anos desempregado.
O sustento da família vinha através de serviços informais
até que o morador da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro,
se inscreveu no Programa Estadual de Cirurgia Bariátrica,
oferecido de graça pelo SUS. Desde 2010,
quando a equipe de Dr. Cid Pitombo criou o programa no
Hospital Estadual Carlos Chagas, na cidade do Rio, foram
operados mais de 2.400 pacientes moradores de todas as regiões
do estado. A média de atendimentos ambulatoriais está
sendo mantida em 2 mil/mês e a taxa de sucesso é de 99%.
Composta por uma equipe multidisciplinar que conta com médicos,
enfermeiros, psicólogos e nutricionistas, a cirurgia não é o objetivo principal,
mas sim a qualidade de vida e a mudança de hábitos. Mais de quatro mil
pacientes estão sendo acompanhados e o estudo mostrou que a vida sexual
e financeira dos ex-gordinhos só melhorou após a cirurgia. Cerca de 40%
dos pacientes afirmaram que a vida sexual passou de ruim para muito boa.
Outros 14% disseram que a vida entre quatro paredes passou de boa para muito boa.
Os novos magrinhos também relataram aumento de mais de 30% na renda familiar.
Pouco mais de seis meses depois da operação,
Rodrigo que é pai do Pedro e da Flávia já perdeu 45Kg e,
há um mês, conseguiu um emprego em uma empresa de tecnologia portuguesa.
- Estou no melhor momento da minha vida.
Hoje sou uma pessoa feliz e com a saúde em dia.
Tenho o trabalho que sempre quis e meu casamento,
que sempre foi bom, agora está muito melhor.
A cirurgia não mudou só a minha vida, mudou a da minha família
também. Não quero que meus filhos sejam obesos, por isso
somos rigorosos com a alimentação deles.
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